Não tem sido fácil a vida das pessoas que optam por viajar de
ônibus de Rio Branco a Cruzeiro do Sul. A boa qualidade da BR 364, que reduziu
de dias para horas o tempo para fazer o trajeto –e isso só no verão –não
encontra semelhança na estrutura oferecida aos viajantes: os ônibus são
invariavelmente cheio de defeitos, especialmente com relação ao banheiro e ao
ar condicionado, e há pouquíssimos pontos de apoio nos mais de 700 quilômetros
que separam a capital do Vale do Juruá.
Das seis cidades pelas quais passam os ônibus, apenas Sena
Madureira possui rodoviária. Mas ela é muito precária –tanto que as mulheres
evitam usar o banheiro, preferindo fazer suas necessidades na mata ao lado. O
WC masculino não é diferente mas os homens acabam improvisando lá dentro mesmo.
Trata-se de um local com jeitão de abandono, tão cheio de defeitos que pelos passageiros ninguém
ali aportaria. “Não consegui nem entrar”, sintetizou dona Maria do Socorro
acerca das condições de higiene do banheiro.
Nas empresas, os funcionários dizem que melhores informações
devem ser obtidas com os responsáveis, que não foram localizados. De seu lado,
a Agencia Reguladora de Serviços do Acre (Ageac) responsável pela regulação do
transporte intermunicipal, cumpre sua
missão. “Não estamos de olhos fechados. Ninguém faz vista grossa a isto”,
afirmou o diretor de Fiscalização da agência, Edson Oliveira, pedindo que as
denúncias sejam formalizadas junto à Ouvidoria da Ageac para que as
providências sejam adotadas. Relatórios
tem sido feitos, multas aplicadas e as sanções se sucedem mas a alta temporada,
quando o número de viagens aumenta sensivelmente, acaba precarizando ainda mais
os serviços das empresas. Para dar conta da demanda, elas acabam lançando mão
de ônibus mais simples, alguns, segundo Oliveira, até sem banheiro. Neste caso,
lembra o diretor da Ageac, o preço da passagem tem de ser mais barato.
Edson Oliveira se mostrou especialmente preocupado quando lhe
foi relatado sobre a parada que o ônibus que saiu às 8h30 de Cruzeiro do Sul na
terça-feira, 7, fez a parada para almoço em um restaurante entre Tarauacá e
Feijó. O ônibus parou no acostamento da BR sem entrar no restaurante, um
conhecido balneário. “Ficou perigoso porque os passageiros tinham de atravessar
a rodovia para chegar ao restaurante”, observou Lucivan de Araújo, funcionário
público que fazia o trajeto desde Tarauacá.
O casal Pâmela e Agilson saíram de Cruzeiro do Sul na
terça-feira, 6, já preparados para o que poderia vir durante a viagem a Rio
Branco. Pouco depois da partida, colocaram máscaras cirúrgicas e passaram a
inalar vaporub para conseguir suportar o mau-cheiro e evitar o acirramento da
renite e da alergia que os aflige. “O cheiro é insuportável”, vociferou o casal já chegando a Rio Branco
depois de mais de 12 horas daquela que é considerada uma viagem penosa, muito
penosa.
( Colaboração de Edmilson Ferreira )
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