sábado, 4 de junho de 2011

bombeiros são presos após invasão do Bope

Cerca de 15 ônibus e micro-ônibus da Polícia Militar lotados com bombeiros presos após acupar o Quartel Central deixaram o Batalhão de Choque da PM, no centro do Rio de Janeiro, no fim da manhã deste sábado (4) e seguriram para a Corregedoria da corporação, localizada em Niterói, na região metropolitana do Estado. De acordo com policiais, seriam cerca de 300 bombeiros transferidos até as 12h.

Eles foram acomodados em um gramado, onde chegaram a se posicionar estrategicamente para formar a sigla SOS (pedido de socorro). Segundo um dos líderes da manifestação, o bombeiro Daciolo, ele e alguns companheiros detidos farão uma greve de fome como resposta à prisão.
Ainda não há informações oficiais sobre o que acontecerá com os bombeiros presos. A expectativa é a de que sejam autuados por motim.
Rumores de que unidades do Corpo de Bombeiros estariam paralisadas foram desmentidos nesta manhã pelo comando geral. Em nota, o órgão informou que a rotina de atendimento à população está mantida. Postos de salvamentos dos grupamentos marítimos, assim como quartéis, unidades de atendimento de urgências e emergências (Samu/GSE) e serviços de socorro (combate a incêndios, salvamentos, desabamentos etc) estão operando normalmente. Ainda de acordo com o comunicado, os substitutos dos bombeiros detidos pela Polícia Militar já assumiram seus postos desde o inicio da manhã na troca normal de plantões.
Bombeiros levados do quartel para batalhão
Os cerca de 2.000 bombeiros que ocupavam o Quartel Central, na praça da República, no centro do Rio de Janeiro, desde as 20h de sexta-feira (3), começaram a deixar o local por volta das 8h20 deste sábado (4). Segundo policiais militares, até as 12h, cerca de 600 haviam sido levados para o Batalhão de Choque, também na região central.
O comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, confirmou nesta manhã que os bombeiros podem ser considerados presos. Em nota à imprensa na noite de sexta, a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil informou que as prisões ocorrem por "invadir órgão público, agredir um coronel e desrespeitar o regulamento de conduta dos militares".
- A situação aqui no quartel está praticamente controlada. Vamos levar todos os cerca de 2.000 bombeiros que participaram do protesto para o Batalhão de Choque. Eles podem ser considerados presos. Foi uma grande operação e não temos registros graves.
Policiais do Batalhão de Choque da PM invadiram o quartel por volta das 6h deste sábado. Mais de 2.000 bombeiros ocuparam o local em uma manifestação por melhores salários e condições de trabalho na noite de sexta e passaram toda a madrugada lá.
Os homens do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) usaram bombas de efeito moral e gás lacrimogênio. Algumas crianças e mulheres que também integravam o protesto tiveram intoxicação e ferimentos leves. Todos foram atendidos no posto médico no interior do quartel e não correm risco.
Nesta manhã, uma mulher entregou uma cápsula deflagrada de fuzil a uma equipe de reportagem da Rede Record que estava no local. O comandante-geral da PM analisou o objeto e disse que, apesar da PM ter entrado no quartel com fuzil, nenhum tiro foi deflagrado e ninguém sofreu ferimento por arma de fogo. Segundo ele, a origem da cápsula é desconhecida.
Governo faz reunião de emergência
cúpula do governo do Estado iniciou uma reunião às 8h no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, zona sul carioca. O encontro é liderado pelo governador Sérgio Cabral. Participam ainda o vice-governador Luiz Fernando Pezão; o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame; o secretário de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa; o secretário de Estado de Governo, Wilson Carlos; o secretário de Estado da Casa Civil, Regis Fichtner; e a procuradora-geral do Estado, Lúcia Lea Tavares.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio, coronel Pedro Machado, esteve na reunião, mas já deixou o palácio. Já o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, chegou ao local para o encontro por volta das 8h. A expectativa é a de que o governador se manifeste após a reunião.
Gritos de ordem
Mesmo cercados pela PM nesta manhã, os bombeiros gritaram palavras de ordem. Policiais da Cavalaria da PM ficaram no entorno do quartel e impediram a entrada dos manifestantes que estavam do lado de fora do complexo. Dois helicópteros da PM sobrevoaram o quartel.
A manifestação dos bombeiros começou em frente a Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) no início da tarde de sexta-feira e passou pelas principais ruas do centro do Rio. Mulheres e crianças acompanharam o protesto, que chegou ao quartel central por volta das 20h.
Segundo a PM, o comandante do Batalhão de Choque, coronel Waldir Soares, foi ferido durante a invasão dos manifestantes.
Por volta das 2h deste sábado, o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, pediu aos manifestantes que deixassem o quartel e voltassem para a casa. No entanto, os bombeiros responderam com gritos de que não iam recuar.
Os bombeiros reivindicam piso salarial líquido de R$ 2.000 e vale-transporte. Atualmente, a maioria recebe cerca de R$ 950. Os manifestantes querem um acordo com o governador Sérgio Cabral.
Manifestações e prisões em maio
Os bombeiros realizaram durante o mês de maio uma série de manifestações e chegaram a entrar em greve. Com prisão decretada por serem considerados líderes das manifestações, o major Luís Sérgio, o capitão Alexandre Marchesini, o sargento Valdelei Duarte e o cabo Benevenuto se entregaram no QG (Quartel Central) da corporação, no centro do Rio, no dia 17 de maio. De acordo com Duarte, todos foram soltos três dias depois.
Em entrevista no dia 12 de maio, o governador Sérgio Cabral não se mostrou preocupado com as reivindicações dos bombeiros. Segundo Cabral, o movimento não afetaria o Estado e teria sido incitado e até mesmo financiado por políticos de oposição.
No último dia 25 de maio, os manifestantes se reuniram com o secretário de Planejamento do Estado, Sérgio Ruy. O encontro, porém, não resultou em novidades. A decisão do governo foi mantida e nenhum aumento à classe foi prometido fora do que já estava planejado.

Nenhum comentário: